sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Lições...

“Não interessa como foi a reunião..... Volte para casa sempre de cabeça erguida!”

sábado, 30 de outubro de 2010

Às vezes

Às vezes eu tenho vontade de inexistir. Não de morrer, mas simplesmente de evaporar. Virar pó, ou água, desconhecer a alma, os sentimentos, a dor. Me misturar com as nuvens e quem sabe virar chuva e cair no mar e sumir de vez me confundindo com a espuma no oceano. Às vezes da vontade de esquecer. Esquecer o que incomoda, esquecer de mim mesmo, de como sou, de como ando, como, vivo. Do sono, do cansaço, das horas perdidas por entre os dedos. Dá vontade de subir bem alto e chegar em outra galáxia, conhecer outros planetas com pessoas melhores que não maltratam umas as outras, nem os animais, nem a si próprias. Dá vontade de fugir de tudo. De deixar a covardia que existe em todos ser colocada para fora e me esconder numa ilha deserta. Às vezes esse corpo pesa, a mente pesa, a alma pesa. E de tão pesado parece quase impossível caminhar sem dificuldade, respirar sem dificuldade, viver sem dificuldade.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Questionamentos...

Perguntei a manteiga:
  • De onde veio?
  • Do leite, disse-me ela.
Perguntei ao leite:
  • De onde veio?
  • Da vaca, disse-me ele.
Perguntaram a mim de onde vim,
e o que eu podia falar?

Falei a verdade:
- Ainda estou de me achar.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Tudo que eu quero...

Tem horas que sou grande
E aí tudo que toco é um pouco eu.
Porque de tão grande que estou,
vou me dividindo em todas as pequenas coisas que encosto.

Tem horas que sou pequeno
E aí tudo meu é miudo.
Porque de tão pequeno que estou,
mal quase apareço.

Mas tem horas que não sou nada.
Nem grande, nem pequeno,
Sou assim, coisa alguma.
E nessas horas é que costumo ser tudo que eu quero.

sábado, 18 de setembro de 2010

Humildade

Gente Humilde. De Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes, que na maioria das vezes escuto na bela interpretação de Maria Bethania, é um primor. Atravessa as décadas através de nossos avós e pais e chega até nossos dias.

Acho que essa canção "forjou" a ideia de humildade no Brasil. Para o povo brasileiro, humildade não é um atributo de comportamento, mas de classe social. Isso pode gerar um grande engano conceitual, pois, assim como existem ricos humildes, existem também pobrse arrogantes. Não é a classe social que determina o nível de humildade de um ser humano. O que acontece, e aqui estou chutando por intuição, é que a vida simples, dura, com muitas limitações nos obriga a exercer mais a humildade do que quem vive uma vida mais frouxa. Talvez a confusão venha dai.

É muito difícil ser arrogante quando se é obrigado a passar por privações e dificuldades. É difícil sentir-se superior em um trem lotado, em um ponto de um ônibus que não chega, ou numa fila de hospital em que ninguém nos atende. Humildade, muitas vezes, é quase fruto da humilhação injusta que o povo sofre.

Mas a origem simples não define a humildade de ninguém, basta ver garotos que saem de uma vida de muita privação e através do futebol ficam milionários. Muitos deles, só eram humildes por falta de oportunidade de exercer a arrogância.

Humildade pra mim é outra coisa. Humildade é a coragem de encarar uma situação mesmo sabendo que isso não vai enaltecer o ego. É ser capaz de enfrentar, conviver e aceitar as próprias limitações. É preciso ser humilde para pedir ajuda. É preciso ser humilde para aceitar a incapacidade.Quem precisa receber comida na boca, quem precisa de apoio para andar, para tomar banho, sabe a diferença.

Hoje, no trabalho, tive uma conversa que esclareceu bem o que isso significa pra mim. A pessoa que não quer fazer uma tarefa porque acha que não vai ser aplaudida não tem nenhuma humildade. Porque não quer passar pelos primeiros passos, não quer aprender, não quer ser criticada. Só quer fazer o que lhe rende elogios.

Quando um profissional recebe uma crítica pública e usa seu poder de famoso pra pedir a retratação (ou a cabeça...) do crítico indo direto ao seu chefe, isso é o máximo da arrogância, a real falta de humildade. A pessoa vai além de "não gostar de ser criticado". Mas punir a pessoa que critica, indo por cima, pra falar com o chefe? É muita arrogância. É complexo de megalomania.

Dizendo isso também estou sendo arrogante. Eu deveria ser mais humilde e aceitar que tem gente assim e que não é da minha conta. Humildade seria eu saber disso e pensar "coitado desse fulano, que pensa que tem o rei na barriga". Ao implicar com ele eu estou fazendo o mesmo jogo de superioridade. Estamos todos errados.

Humildade é aprender a ser pequeno, finito, mortal. É dar importância ao que importa e não se importar com o resto. É ajudar quem precisa e quem pede, é ser correto e justo. É dizer não com firmeza e sem crueldade.

Isso é ser humilde pra mim. O resto é só fachada pra exercer ainda mais a prepotência. Ou pra fazer papel de coitadinho e monopolizar a atenção.

domingo, 5 de setembro de 2010

Eu mesmo!

Eu me lembro quando era adolescente de responder àqueles cadernos de perguntas que várias criaturinhas faziam, só para descobrir um pouco mais da vida alheia. Lembro que dentre as várias perguntas sobre cor ou time favorito e se gostava ou não de alguém, costumava ter a pergunta: "Se você pudesse ser outra pessoa, quem seria?". Lembro que eu sempre respondia que não gostaria de ser ninguém além de mim mesmo. Mas lembro também que respondia dessa maneira, mais por parecer a resposta certa a se dar, do que por realmente não querer ser nada além de mim. Não que houvesse alguém que eu admirasse ao ponto de querer ser aquela pessoa, mas ao mesmo tempo não me sentia plenamente seguro quanto ao fato de querer ser somente eu. Na realidade minha auto-estima naquela época não era das melhores, logo era normal ter dúvidas quanto a isso.
Hoje percebo que se tivesse que responder a essa pergunta, seja em um caderno de adolescente, ou a qualquer pessoa, responderia que não gostaria de ser ninguém além de mim mesmo, sem titubear. Faz tempo que não me sentia assim, satisfeito em ser somente eu. Com meus vários defeitos, minhas não tão várias qualidades, meus gostos, meu som, meu rosto, meu tempo, meu tudo. Parece que de alguma forma que não sei dizer como, tudo está em harmonia. Meu eu entrou em um equilíbrio nunca antes sentido. E é bom isso. É bom se sentir em paz consigo mesmo, pelo menos uma vez na vida.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Filogênese e Ontogênese.

Nos últimos dias eu aprendi que há termos complexos e bonitos para o que a gente é, para o que a gente quer, para o que pode ou não pode fazer. As duas palavras que aprendi são Filogênese e Ontogênese.
Filogênese refere-se à parte física e biológica, aquilo que nasce com a gente, que determina a limitação do que a gente consegue ou não fazer. Eu sou alto e posso ser jogador de basquete. Nunca poderia pensar em ser um dos sete anões. Portanto, meu querer no mundo real tem que estar condicionado a essas realidades filogenéticas. Querer ser um dos sete anões sendo alto é pedir pra passar a vida sofrendo. Não é comigo.
A parte da ontogênese diz respeito a nossa criação. Nossos valores morais, educacionais, culturais, religiosos. Se a pessoa foi criado num ambiente vegetariano é pouco provável que ela queira ser um dono de churrascaria.O que você quer está ligado a tudo isso que você é, como você foi criado e vive sua vida.
E além do que a gente consegue e quer, tem aquilo que a gente pode ou não pode fazer. Essa é a parte complicada.
Usarei uma metáfora para explicar o sentimento de injustiça e indecisão que me impede de fazer algumas coisas que eu acho que quero. Pois bem:
"Às vezes eu me sinto como o motorista de um carro, congestionado numa longa estrada que leva ao litoral, parado na minha faixa. Eu sei que está tudo parado, que não dá pra ultrapassar e só me resta esperar o trânsito melhorar. Estou na estrada certa, no caminho certo, na faixa certa, cumprindo meu dever de bom cidadão.
Enquanto estou ali parado, tentando me distrair, vejo muita gente correndo pelo acostamento e passando por mim e por todos. Alguns podem até ser multados, mas a maioria vai fazer errado, vai ter benefícios e vai escapar ilesa. E mais, essas pessoas fazem a viagem em duas horas enquanto eu, a certinho, acabo levando quatro a cinco.
É um sentimento ruim, saber que quem faz o certo sofre mais e chega depois enquanto quem faz errado não é punido, leva vantagem e ainda se sente mais esperto do que todos os bons cidadãos que esperaram a vez."
Eu tenho certeza que nessa 'longa estada da vida', muita gente se sente assim. Em tudo. Sei que existem os espertos que viajam pelo acostamento, existem as meninas que dão pra o professor pra passar de ano, as que dão pro chefe pra subir na vida, as que dão pra todo mundo pra ter o seu lugar. (Quer dar, vai lá e dá gostoso, mas...por interesse?) . Sei que existem os corruptos que vendem a alma, os que vendem o corpo, a mãe, o alheio. Eu sei que o mundo é assim. E é por isso que em alguns dias que sinto que não pertenço a tudo isso. E aí me dá vontade de morar num país de gente certinha.
Assim, aqui estou eu, tentando entender o que eu sou, o que eu posso, o que eu quero, o jeito que o mundo é, como as injustiças acontecem, para equacionar a melhor maneira de viver.
O mundo não é justo, coisas ruins acontecem pra pessoas boas e coisas ótimas acontecem pra gente ruim. Uma coisa eu sei: se você quer alguma coisa, fique por perto. Quem chega aonde quer não é o 'melhor', mas o que estava mais disponível e mais próximo.
Nesta vida, tem muita gente que não tem nem a filogênese, nem a ortogênese, nem gênese nenhuma e acaba ficando com o lugar que você queria porque a sorte sobrou pra ela.
Por enquanto, o que eu tenho é aquilo que eu construí. Com muita coragem.
Um dia talvez eu faça como um velho professor que andava com um carimbo redondinho e, em qualquer papel que escrevesse, deixava sua assinatura: venci pelo esforço.
Vou continuar me esforçando.
E sem medo de ser mau e torcer pra que todos os imbecis que se vão pelo acostamento e chegam na minha frente se fodam de verde-e-amarelo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Alguns rascunho sobre o Amor...

(...) Muitas pessoas agem como se soubessem, perfeitamente, como amar. O que não deixa de ser verdade! Esse tesouro está guardado dentro de cada um de nós, mas para alcançá-lo é preciso, com humildade, unir disciplina e carinho e realizar nossos atos de amor como se conhecêssemos muito pouco deles. Quando precisa desativar uma bomba, mesmo um grande perito em explosivos age com extremo cuidado e precaução, como se nada conhecesse daquele artefato. Ele sabe que um gesto precipitado pode acabar com tudo. (...)




(...) Na dinâmica do crescimento do amor, a reciprocidade constante é um elemento imprescindível. O egoísmo não se define apenas por aquilo que uma pessoa quer para si, mas sobretudo por ela não dar o mesmo direito aos outros. O fato de alguém não querer emprestar um livro, para não o estragar, não significa necessariamente que seja egoísta. Mas exigir que todas as pessoas lhe emprestem os livros que ele pede, sem direito a dizer não, isso é um forte sinal de egoísmo. (...)



(...) Crie o amor que você merece. Escute o outro. Tenha prazer em fazê-lo feliz, e ele dará a você, de presente, a felicidade que você mesmo ajudou a construir.(...)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

domingo, 11 de julho de 2010

Marina Lima - Pra Sempre e Mais um Dia

Prá Sempre E Mais Um Dia

Queria eu ter pensado, escrito e cantado. Muito do que sinto e sei se encontram em uma letra de música. E foi com dois cliques pra lá e outros dois pra cá que encontrei o que nem sabia tá procurando. Eu só quero que na dança da vida nossos passos sejam sincrónicos, que a música não pare e que o amor, bem o amor... seja PRÁ SEMPRE E MAIS UM DIA.

Prá Sempre E Mais Um Dia

Composição: Marina Lima - Antonio Cícero

Existe alguém pra quem eu sempre
retorno
Ninguém no mundo faz o que ele
me faz
Tanto romance, tanta graça e
pornô

É o meu amor

Ele me olha e seu olhar também
brilha
E fala muito e nunca fala demais
Qualquer lugar parece até nossa
ilha...

É o meu amor

E quando é frio ou escuro
É nesse amor que eu me seguro
e tiro luz e calor
Prá sempre e mais um dia
Eu vou querer na vida
Essa magia e prazer

A minha vida eu sei que é uma
loucura
A vida dele também não fica atrás
mas nosso encontro é o fim de
toda procura.

É o meu amor

sábado, 10 de julho de 2010

E os sonhos...

Ontem tive um sonho, eu estava numa cadeira de rodas, um sentimento de que nunca mais iria viver um amor nessa vida, como se a minha condição não fosse mais me permitir isso, mas ao mesmo tempo não era um sentimento triste, eu estava conformado com isso. Estava sozinho numa casa que era minha, vivia num mundo particular, no sonho eu desenhava, o sonho todo eu estava fazendo desenhos, de animais, de coisas, desenhando com grafite e os desenhos eram perfeitos, com luz e sombra, ficavam perfeitos. Aí tinha um desenho que alguém me chamava a atenção para ele, dizia alguma coisa sobre ele, que era o mais bonito,sei lá, chamava atenção dizendo alguma coisa, não lembro quem era que falava, mas o desenho era como uma luz entrando pela janela incidindo na fechadura de uma porta, o ângulo do desenho não mostrava a janela, era todo focado nessa fechadura e só se via luz vindo de lado incidindo sobre ela. Eu entendi o sonho, aliás, muita coisa eu já entendo, mas prefiro guardar comigo.

Oi!


Não, o título não é pra comercial de uma ou outra operadora de telefonia. É só pra dizer eu sei, estou sumido, parece até que larguei o blog, certo?! Mas não larguei. Ainda estou aqui. O que acontece é que não tô muito no clima da escrita. Quero dizer, até estou mas acho que se escrever toda vez que der na telha, meus textos vão ficar meio repetitivos, então preferi dar um tempo para não cansá-los com meus lamentos.
A vida continua igual, as angústias também, os assuntos são os mesmos, vocês não perderam nada de importante da minha vida nesse tempo que fiquei meio ausente.
Sei que também não tenho feito muitas visitas, mas é que estava navegando muito pouco na internet esses dias. Passei o tempo livre mais lendo meus livros do que qualquer outra coisa, e acabou que eu dei uma abandonada nos meus queridos amigos. Mas não foi por mal, eu juro.
Prometo que tentarei voltar a visitá-los e a escrever também, mesmo que o assunto sejam as minhas tão conhecidas angústias e melancolias. Ou visão de mundo, sei lá...
Então, que venha a inspiração e que eu faça um novo texto logo.

sábado, 12 de junho de 2010

Falta...

"(...) Abalou-a um pensamento vago: 'As pessoas que a gente ama deviam morrer com todas as suas coisas.' Não quis ajuda de ninguém para se deitar, não quis comer nada antes de dormir. Na angústia de sua desolação, rogou a Deus que lhe mandasse a morte esta noite durante o sono, e com essa ilusão se deitou, descalça mas vestida, e dormiu no mesmo instante. Dormiu sem saber, mas sabendo que continuava viva no sono, que sobrava metade da cama, que jazia de costas na margem esquerda, como sempre, mas que lhe fazia falta o contrapeso do outro corpo na outra margem. Pensando adormecida pensou que nunca mais poderia dormir assim, e começou a soluçar adormecida, e dormiu soluçando sem mudar de posição na sua margem, até muito depois de acabarem de cantar os galos, e a despertou o sol indesejável da manhã sem ele."

O amor nos tempos do cólera - Gabriel Garcia Márquez

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Acho engraçado

Ainda acho engraçado quando penso em nós dois juntos, nos dando tão bem e cada vez melhor a cada dia que passa. Como não te notei antes? É o que fico me perguntando sempre que olho nos seu olhos. Mas antes tarde do que nunca, não é mesmo?!
É bom saber que você existe, que faz parte da minha vida. Ter a certeza que podemos cuidar um do outro sempre que precisarmos.
Saber de que quando está frio, e escuro, e triste, e parece que nada vai bem, estamos sempre em algum lugar pensando um no outro e sempre prontos para dar colo onde se possa repousar e devolver
"a força de resistir à fadiga de tanto céu e abismo" do mundo é reconfortante.
Eu achei que tinha me esquecido como era estar assim meio nas nuvens. Mas não esqueci não. Eu estou nas nuvens, tenho consciência disso e não quero descer daqui por nada desse mundo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Ainda lembro.

A lua brilhava no alto. Prateada e doce como devia ser. Dava para ver pela janela entreaberta que seu brilho se esforçava para entrar no quarto e iluminar seu rosto adormecido, escondido entre as cobertas. Tentei em vão adormecer ao seu lado. A lua lá em cima me chamava para mais perto dela. Me encantava com toda sua grandiosidade. Desejei que tudo aquilo fosse sempre daquele jeito. Que sempre houvesse uma lua como aquela, que aquela paz não acabasse nunca e principalmente que você sempre tivesse os mais lindos sonhos, mesmo quando dormisse longe de mim.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

As Pessoas

As pessoas são o que são – é o que sempre digo. Algumas não mudam, porque não se conformam.
Conformar-se é adquirir a forma, sabia?. A água se conforma. Conforme você coloca a água, ela fica. Se você a coloca numa jarra, ela fica adequada à jarra. Ou a um copo. Ela é fluida.
Há pessoas que não são fluidas. São duras. Duras, fechadas, não se amoldam.
Insistem na mesma forma.
Quando erram, podem até admitir. Por pouco tempo. Não se conformam com o erro. E começam a procurar pelo em ovo. Ficam explicando mil razões que justifiquem o erro. Porque não aceitam que erraram.
Partem para atacar a vítima.
Uma forma fácil de identificar pessoas não fluidas é essa: a culpa é sempre do outro. Sempre. Até o estuprador que ataca acha que a culpa é da moça, por ser bonita. Ou por usar roupas provocantes.
Há pessoas que são assim. Não aceitam. Não se adequam.
São aquelas que sempre tem um 'é, mas'. Não existe o É. É sempre 'é, mas...'
Não se arrependem, não se desculpam de verdade. Apenas se 'explicam'. Não sentem a dor de outro. Porque não são capazes de sentir empatia, compaixão. Pensam nelas, sempre nelas, só nelas.
Nascem e morrem do mesmo jeito, como se a vida não servisse pra nada, nem pra aprender o mínimo.
Tenho pena dessas pessoas.
Mas tenho mais pena de mim, quando cruzo com uma delas. A solução? Distância.
Ignore-as. Suma de seu caminho. Não fale, não responda, evite-as.
Dá muita raiva, revolta, vontade de responder. Conte até cem, dê uma volta. Não caia na armadilha da aranha. Ela tece a teia apenas para isso, para capturar você.
Pessoas com um objetivo só, uma ideia fixa só, um pensamento só, são extremamente perigosas.
Num mundo mutante onde nada fica, não dá pra encarar alguém que insiste na mesma tecla.

domingo, 4 de abril de 2010

Pensamentos em tempo de páscoa

A gente quer justiça sem ser justo.
A justiça é como a ética e por ser uma fronteira, precisa sempre ser vigiada.
Por razões diversas, somos muitas vezes injustos com os bons. Damos mais atenção e premiamos as pessoas que nos trazem problemas. Puxamos o saco dos poderosos e tratamos mal nossos pares. É típico do ser humano, adular os ídolos que nos ignoram e desprezar os que nos são úteis o tempo todo.

Além de pensar na justiça pensei também na humildade. Humildade não é humilhação. Humildade tem mais ligação com a compaixão. Humildade é descer do seu pedestal, a sua condição privilegiada, e colocar-se no lugar do outro. Não precisa se vestir de mendigo e pedir esmolas, não é disso que falo.

Humildade é abrir mão de si mesmo por alguns momentos e ter olhos, ter coração para com o outro. O porteiro não foi gentil com você? Deveria, claro, faz parte de seu trabalho ser cortês com todos. Mas olhe melhor. Não precisa chegar no “ele ganha pouco e está revoltado.” Perceba que está chovendo. E que ele está com sapatos molhados. Meias molhadas. Pega duas conduções e vai passar dez horas de pés molhados. É mais difícil manter a cortesia sofrendo com pés úmidos. As coisas não se justificam, mas explicam-se. É preciso ter humildade para ser o outro por alguns instantes.

É bom ter conforto, viver bem, ter conhecimento. Mas se tudo isso só faz a pessoa mais arrogante, não adianta nada. Nada. O que se tem, aprende, conquista, tem que servir a um propósito, ser um ser humano melhor.

Quem não quer melhorar nem humano é.

Ao mesmo tempo é preciso saber que o mundo tem muita gente problemática e que não podemos dividir coisas boas com todos. Qualquer privilégio gera ódio no outro, ou revolta, mesmo que seja algo subjetivo como sorte. Quem tem sorte gera inimigos. Por isso, há que se guardar esses dons com cuidado e compartilhá-los com parcimônia.

Viver é mais do que arte, ciência, aventura. É exercício que exige que todos os músculos sejam acionados, todos os neurônios sejam ativados, toda a percepção aguçada. Porque viver não é simplesmente existir, mas encaixar-se de forma dinâmica com um mundo que não para nunca de mudar.

Como dizem os budistas, a única coisa permanente é a impermanência das coisas.

Atualize-se. E viva em plenitude. E, como os escoteiros, sempre alerta.

sexta-feira, 26 de março de 2010

AMV

É fácil ficar ao seu lado, sabia?
Sentir seu abraço que parece me tirar os pés do chão. Dormir ao seu lado sentindo sua respiração tão perto da minha. Olhar seus olhos que mudam de cor dependendo da luz ambiente. Ouvir você tagarelando sobre um milhão de coisas ao mesmo tempo e tentar organizar as idéias junto ao seu raciocínio rapido.
Coisas tão simples e ao mesmo tempo tão intensas. Coisinhas que vão se entrelaçando e transformando o convívio entre duas pessoas em relacionamento. Um relacionamento leve, fácil de viver e que me acalma por dentro, por mais que muitas vezes não pareça. Tudo fica melhor, até para respirar, até para esquecer as eternas desaventuras da vida.
O mundo pesa menos e fica mais fácil sorrir.

Respeito

Respeito é bom e eu gosto.

A frase é um clichê tamanho GG, mas tem seu mérito. Porque é gostoso ser respeitado.
No mundo moderno o respeito anda perdendo a força. Somos desrespeitados como cidadãos, motoristas, pedestres. Enfim, a coisa não anda muito em alta pro lado do respeito.

Por isso mesmo senti um verdadeiro choque hoje de manhã. Eu, que sou o rei de presenciar a desorganização e o mau trato em entrevistas de emprego, tive uma boa surpresa. Da chegada à recepção, passando para a sala de reunião do escritório, fui tratado como um profissional. Me senti assim... acima de tudo gente.

Fiquei encantado. Me senti lisonjeado. Senti aquela sensação de reconhecimento genuíno de quem ocupa um lugar merecido. Me fez lembrar uma ocasião que já relatei algumas vezes, uma lição que recebi de um motorista, em uma praia, no Rio Grande do Norte. Em alguns dias de férias, passamos uma semana com um mesmo motorista que dirigia o carro para a gente. Ao final de uma das semanas mais maravilhosas de minha vida, resolvemos oferecer um almoço para ele. Nós dois, muito paternalistas e gentis, achamos que oferecendo um almoço para o motorista estaríamos demonstrando nossa "superioridade" e cortesia. De alguma forma, hoje percebo, era uma ajuda mais ou menos arrogante, de cima pra baixo, de patrão para empregado.
Pois na hora que nós fomos ao seu encontro para convidá-lo para um almoço muito bacana, num ótimo restaurante em sua homenagem, o motorista, que suportou a dupla durante toda a semana, virou-se do alto de sua dignidade e disse apenas:
- é justo!

Adorei aquilo. Aquele senso de justiça sem rebaixamento, sem puxa-saquismo, sem hipocrisia. Ele trabalhou, ele fez tudo o que tinha que fazer, foi pago para isso e estava ganhando um presente justo de um casal, ante as circustância, "favorecido" pela sociedade ( ao menos naquele momento ).

Eu me senti exatamente como o motorista. Achei justo ser bem tratado. (Na vida diária/online/etc. o respeito parece ter saído da pauta. Orkut, blogger e twitter eu sei que ele não tem…)

E além de justo, muito gostoso.

E para retribuir, vou oferecer o meu melhor. Minha forma de respeitar aqueles que confiaram em minhas habilidades será dar a eles o meu melhor.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Memória

Eu tinha pensado em um assunto muito interessante para escrever dias atrás. Daí não escrevi na hora que pensei e depois quando fui pensar de novo não lembrava sobre o que era. E continuo não lembrando. Então resolvi escrever sobre isso: o fato da memória, pelo menos a minha, estar a cada dia que passa funcionando menos. Encontrei em casa uma edição da Super Interessante que fala sobre a memória e sobre porque ela está mais curta. Não li ainda, mas já vi que lá tem uns testes de memória que só de passar o olho eu percebi que não funcionariam comigo.
Acho incrível minha capacidade de simplesmente esquecer certas coisas. Às vezes me esforço em lembrar e simplesmente não consigo. Parece que existe um buraco negro dentro do meu cérebro que me impede de lembrar o que eu quero. Juro que chega a bater um desespero.
Acho que um pouco da culpa disso é a quantidade de informação que somos meio que obrigados a armazenar. É muita coisa para uma cabeça só. Além disso, ainda existe um pouco de facilidade e comodismo. Ultimamente quando não lembro algo recorro imediatamente ao Google. O que acaba me impedindo de consultar mais a minha pobre e falha memória. Em compensação, certos acontecimentos insistem em ficar ali guardados e às vezes vêm à tona sem que estejamos preparados para aquilo.
É algo que me deixa irritado na maior parte do tempo, mas é importante demais para ser deixada de lado. Acho que o melhor a fazer é exercitá-la o máximo possível, antes que todos nós acabemos contraindo um mal de alzheimer no fim da vida.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Holi !




O Festival de Cores, ou Festival de Holi ou ainda Lathmar Holi, é uma festa tradicional indiana, que acontece sempre entre fevereiro e março por todo o país (este ano, terá início em 1º de março).

Os indianos contam que o festival surgiu há séculos antes do nascimento de Cristo, e há várias versões para a sua origem.

Um certo rei, o temível Hiranyakashyap, desejava a veneração de todos, e foi justamente seu filho, Prahlad, que decidiu adorar a uma outra entidade, Lord Naarayana. Hiranyakashyap então inconformado, exigiu a ajuda de sua terrível irmã, Holika, que tinha o poder de não se queimar, a levar Prahlad para a fogueira a fim de matá-lo. O que Holika não contava, era que esse poder era anulado, ao enfrentar o fogo acompanhada. Lord Naarayana reconheceu a devoção do jovem Prahlad e o salvou.

Uma bela história para mostrar que o bem vence o mal.

E é sobre isso que se faz o festival.

Além de, claro, ser uma ótima boas vindas para a primavera que está prestes a chegar no hemisfério norte.

O primeiro dia do festival é conhecido como Holikan Dahan (morte de Holika). Neste dia, os indianos acendem fogueiras em memoria dos jovens que escaparam do fogo como Prahlad.

O segundo dia é o principal, o dia de Holi, sempre comemorado sempre em dia de lua cheia. Neste dia as pessoas se juntam nas ruas, com sacolas de pó colorido (tinta natural) e água, colorindo uns aos outros, ao som de muita música e risadas! Uma grande festa para todas as idades!

Quem acompanhou a última telenovela da Glória Perez, sobre a Índia, teve oportunidade de ter uma noção de como é alegre o festival.

E você, já preparou o seu saquinho?


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Relacionar (-se)

Relação é o conhecimento recíproco e/ou convivência entre pessoas. Podendo resultar em laços afetivos, de amizade ou apenas de respeito e cordialidade.
Não se podem desvincular relações de ética, pois ambas se complementam e se auxiliam entre si. Em verdade, precisa-se considerar que o ser humano ao mesmo tempo em que é individuo, pertence ao coletivo. É, assim, um ser plural e singular. Esse detalhe, quando compreendido e aplicado ao comportamento transforma-se em benefício que favorece as relações interpessoais.
Assim, o ser humano é uno. Único enquanto indivíduos, com especificidades que lhe são próprias e que são produtos de uma série de fatores, sejam biológicos, ambientais, culturais, etc. e tal. Por outro lado, ele é parte de uma coletividade, que possui também características peculiares resultante de diversas influências.Quando pensamos na arte de se relacionar, levamos em conta esses fatores e assim podemos nortear nossa conduta de maneira mais eficaz.
Na base de todo relacionamento encontra-se a comunicação. Quando conseguimos fazer com que a pessoa que se relaciona conosco compreenda o que desejamos, podemos dizer que conseguimos nos comunicar. A comunicação é, portanto, o fundamento de toda relação. Existem elementos que, aliados à comunicação, facilitam o desenvolvimento de uma relação saudável e produtiva, independente de sua natureza.Todo relacionamento exige atenção. Tudo que recebe nossa atenção tende a conquistar espaço em nossa consciência e, conseqüentemente, provocar interesse. O interesse nos leva a buscar conhecimento, passamos a desejar compreender melhor a pessoa com quem estamos nos relacionando. Quando realmente conhecemos alguém, seja um colega de trabalho, um amigo do círculo social, um parente, não importa nos tornamos mais tolerantes e persistentes no cultivo deste convívio.
E se assim agimos, vamos aos poucos melhorando a qualidade deste relacionamento, fazendo com que seja profícuo e harmonioso.
Ações estratégicas interligadas a uma boa comunicação promovem uma relação interpessoal satisfatória. Nesta dinâmica entram outros dois elementos determinantes: razão e emoção. Nenhum relacionamento, seja qual for sua natureza, pode dispensar estes dois elementos. A razão nos permite aprimorar o conhecimento através da observação, convivência e a abstração de todo conjunto de informações que vamos obtendo ao longo do tempo. Ela nos capacita ao discernimento que é imprescindível à boa comunicação. Já a emoção nos possibilita um envolvimento com a pessoa; criar um vínculo, vínculo este, que varia na qualidade do sentir.
É necessário sensibilidade para que se construa o elo que permitirá o fluir da convivência. Talvez possamos de modo um tanto ousado, associar a razão com o conteúdo e a emoção com a qualidade do relacionamento.
O homem não nasceu para viver isolado, realizam-se quando partilha seus talentos, quando concretiza seus projetos, sejam quais forem, e isso ele não pode fazer sozinho. Precisa sentir a justificativa para o que é capaz de elaborar; sente necessidade de reconhecimento de suas conquistas; busca afetividade em diversos níveis, para encontrar equilíbrio em seu interior. E tudo isso, não pode obter sozinho. Daí a importância das relações.
A arte de se relacionar não pode ser reduzida ao simples ato de verbalização como condutor de idéias, mas sim apreender em profundidade, a identidade individual e coletiva das pessoas envolvidas. Quanto maior a interação do indivíduo em seu meio, tanto maior a possibilidade de obter sucesso em todas as áreas de sua vida.
As relações interpessoais são, em ultima análise, o pilar para a felicidade do ser humano.


Autoria de Priscila de Loureiro Coelho

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Decepção

Por que nos decepcionamos com uma pessoa, com um acontecimento, com uma situação, com a vida? Talvez seja das sensações que mais me entristece, que me impede de continuar... que bloqueiam. Será que criamos expectativas demasiado altas? Ou será que eram as expectativas.... normais, próprias e adequadas, mas teimosamente a decepção bate à porta.

Confesso que me decepcionei e muito com uma notícia recebida hoje durante a tarde. Por mais prevenidos que nos tornemos em relação aos acontecimentos, às pessoas, não adianta.

Bom, mas a vida é isso. É ter a coragem de tomar novos rumos, repensar a vida e escolher novas metas, novos caminhos. Acredito que precisemos de tempo. O tempo, esse nosso aliado que nos ajuda a compreender o que acontece com as nossas vidas e conosco. Um dia as nuvens escuras vão embora... o céu fica de novo azul.

Ultrapassar qualquer decepção exige uma grande dose de coragem. Não há uma universidade da coragem? Não existe, quer dizer... a universidade da coragem é fazer aquilo em que acreditamos. É sacudir dos ombros as limitações que deixamos que os outros nos impusessem. Não há nada que não sejamos capazes de atingir. Não há tristeza na vida que não possa ser compensada.

A vitória é, muitas vezes, uma coisa diferida e raramente se consegue no auge da coragem. O que se encontra no auge da coragem, penso eu, é a liberdade. A liberdade que advêm da consciência de que nenhum poder terreno nos é capaz de vencer; que um espírito imbatível é a única coisa sem a qual se não pode viver; que afinal, é a coragem da convicção que faz andar as coisas, que torna possível qualquer mudança.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Personalidade

Existem coisas que estão muito longe da minha personalidade, não sei se é bom ou ruim, alguém poderia me dizer, porém isso não mudaria em nada o que eu penso.
Não rasgo seda, não me faço vítima de nada, nunca! Como já disse, não sei se isso é algo positivo ou negativo, mas pouco me importa porque aprendi com a vida a ser e sou assim. Não lanço elogios para agradar ninguém, não jogo purpurina para me tornar querido, mais popular. Faço isso sim, quando sinto que é oportuno, quando percebo que aquelas minhas palavras vão fazer bem naquele momento, mas não o faço a toa, a qualquer hora. Não me faço de vítima da vida, dos outros, nem de nada, não acredito em vítimas nesse mundo.
Lamento as dores do mundo, das pessoas que sofrem, sinto muitas vezes o sofrimento dos que estão em minha volta, as vezes rezo pedindo alívio para eles, mas nunca os vejo como vítimas. Acho que esse sentimento de vitimização nos torna aleijados, incapacitados de reagir, de lutar e coitadinhos.
E para que? Para ficarmos esperando a caridade, a dó dos outros, esperando que alguém nos absolva dos nossos pecados ou diminua o peso de nossas culpas.

domingo, 3 de janeiro de 2010

De volta

Eu tive um sonho em que o sonho era eu, e eu era o sonho que me sonhava.
Chegava num planeta povoado por seres estranhos, que sonhavam o mesmo sonho do avesso. Todos seguiam numa procissão segurando velas , buscando uma trilha para algum lugar. Eu estava vindo do lugar com uma lâmpada na mão revendo o caminho de volta para não me perder.
No meio do caminho uma senhora pega minha mão e lê: “Tu procuras teu espaço que não é mais aqui, porém aqui é onde se cria teu espaço”. E a mulher se desfez no meio da multidão, como se trocando as faces dos muitos estranhos que caminhavam.
Olhei procurando a mulher e vi no meio da multidão alguém feito de mim, como se fosse uma outra parte minha chamando para eu segui-la.
Segui o rastro das pétalas jogadas pela minha parte feita de um nada em cores diferentes, chegando até um jardim de flores variadas.
Quando olho a multidão, muitos seguem descendo uma escada em um abismo, penso em correr e avisar a todos de que o subsolo está sem luz e escorregadio, grito para avisar, mas minha parte avulsa me manda seguir pra casa, pois ninguém vai conseguir ouvir minha voz , então sigo por um caminho cheio de árvores que me cumprimentam sorrindo, por uma trilha até chegar na minha casa.
E assim era o sonho que me sonhava, era eu o sonho que me sonhou.